quinta-feira, 26 de abril de 2012

Quarteto


Causa (Brilho condutor do falso olhar)


Foi por causa dos seus olhos
Que eu fui impedido de ser feliz
Foram seus olhos que me levou de mim
E não fui devolvido, ainda
Foi por amar o amor escondido
Pela beleza dos seus olhos
Que corri o mundo, sem sair daqui
Sobrevivi aos momentos de sufoco
Impostos por tudo que eu sonhei
Sonhei com o próprio pranto
Sofri sonhando, segui sorrindo
Esperando a minha alma nova
Nunca me quis de volta porque
Sempre soube que eu era a forma
Eu sou a cor, eu sou o sólido, aprendi
Que ser alma á muito perigoso
O segredo é aprender ser corpo
Sem ti, sem mim e sem amor
Lutei, sangrei, suspirei
Quase morri, vi o inferno e voltei.
Voltei porque foi nos olhos do capeta
Que reencontrei o seu olhar.


A água correu pra longe, e longe abriu caminho
Talvez feliz junto, talvez bem mais feliz sozinho
Belo como um pássaro voltando pro seu ninho
Mais cedo ou bem mais tarde, saindo de fininho
Na linha daquele horizonte ou num lençol de linho
Na palma da mão, no meio da rua, na taça de vinho
No meu dia-a-dia, no meu cachecol tão quentinho
Na inocência da criança, nas rugas do velhinho
Na casa avarandada de quintal pequenininho
No brilho de um olhar, desajeitado desse anjinho
Meus olhos encharcados, eu seco com lencinho
No dia que sou tempestade ou sou só um ventinho
Na maçã envenenada, no meu pequeno cantinho
Na face desajeitada do coração em desalinho
E na felicidade do palhaço sem carinho
Sigo em contrapartida ao meu caminho.


Pra que viver?
Se não sei mais caminhar sem seus olhos
Se seu amor me cegou
E me levou de mim

Pra que viver?
Se amanhã não posso acordar sorrindo
Se sorrir não faz sentido
Se não posso te ter aqui

Pra que viver?
Se ainda quero sentir seu perfume
Se sofro e tenho ciúmes
Se ainda não te esqueci

Pra que viver?
Se agora minha vida é tão torta
E se ouço o ranger da porta
Não é você quem voltou pra mim

Então
Porque é que eu não tenho mais você (motivo de viver)
Porque que eu não consigo te esquecer (memória pra sofrer)
Porque não acredito que quer me amar (coração a sangrar)
Porque é que o mundo não quer mais girar (lembrando desse olhar)

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Abaixo da Auréola

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A fonte de inspiração que sobrevive aos borrões da cor, a lua que não encontra o sol e mesmo assim depende dele pra se manter clara,a alegria de um poeta ao ver a flor que molda as mais belas palavras e as sintoniza, criteriosamente, para que os admiradores sufoquem-se de beleza, inspirem-se e sonhem, cada dia, mais e mais, eu sou o portador da beleza que há nas palavras.