Amanheço em fins de tarde, trinta
dias inteiros sem sair daqui.
Passo chuvas e tempestades, vento,
fome e frio, sozinho aqui.
Não me deixe, pois meu choro vai
inundar tudo nesse lugar.
Não feche essa porta, não vá ainda,
não me faça despedaçar.
Pois a dor negra que nesse instante
meu peito invade.
Vai gerar lágrimas e meu pranto vai
lavar toda a cidade.
E meu pranto lava a alma da cidade
Entardeço, a noite escura me matem
distante, me faz sorrir.
E se enlouqueço no meu mundo
imaginário, você está aqui.
Não me ameace e não diga jamais,
que não vai mais voltar.
Espere, deixe o tempo dissolver em
mim a luz do seu olhar.
Não leve junto minha promessa de
eterna e bela felicidade.
Ventos guiados por essa solidão
espalham caos pela cidade.
E meus ventos expulsam a alma da
cidade.
Amanhece e ao sol vermelho a pele
quer arder, queimar, sentir.
Enrubesce minhas têmporas, faz a
lágrima seca descer, cair.
Talvez eu esteja mesmo preso ao meu
sonho de poder amar.
Talvez do baú de memórias boas e
sorrisos eu deva me libertar.
E quem sabe até desista de brincar
com minha dramaticidade.
Quando a ira do meu sol secar todos
os sonhos dessa cidade.
O meu raio de sol secará a vida da
cidade.
Pra alma não voltar.