terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Uma canção no meio do nada


O vento soprou o luar
Estrelas desceram do céu
A imensidão dissolveu
As luzes do amanhecer
As cascatas viraram gelo
Os amores passaram mudos
De anjos as pedras foram feitas
E depois começou a canção...

O tempo passou e nem vi
Contei os pedaços de chão
Cai entre as flores de azul
Nem lembro se ao certo sorri
Depois que caiu vendaval
Antes de chorar sem querer
Nada do tudo sobrou
E depois começou a canção

Só tenho dias iguais
Não tenho sonhos a mais
Venho de lugar algum
Felicidade pra um
Lua que quero apagar
Flores do lado de lá

Depois da imensidão
Só sobrou essa canção... 
no meio do meu nada

Vem




Vem e me ama
Vem e tira de mim a paz
Vem, e sem querer, me leva.
Vem e me eleva e me faz flutuar
Vem e comemora, pois te esperei.
Vem pra reinventar minha alegria
Vem e renova todos os desejos
Vem e fica, e não foge, não falhe.
Não me falte carinhos, abraços e beijos.
Vem e me perturba a mente, me enlouquece.
Vem, pra aquecer a minha cama.
Vem, e mande embora a escuridão.
Vem que eu sobrevivo ao caos da vida
Vem me ensinar a ser feliz novamente.
Vem me desenhar nas suas paredes translucidas
Vem me decalcar na sua alma transparente.
Vem pra ser a luz do meu santuário
Vem bagunçar de novo os meus sonhos.
Vem e me mostre que não é o fim...

Sujo e só




Fácil, frágil, fraco.
Sujo e só
Tremulo, translucido e triste.
Atormentado, atordoado.
A noite chega, e é então.
Que tomo chá da noite com minha solidão...
Meus passos solitários atravessam a sala.
Os ponteiros do relógio gritam...
Todas as luzes se apagam,
Sujo e só
Insensato, infeliz.
Mereço ficar aqui mais uma noite
Isolado
Talvez mereça viver sem amor
Permanecer assim;
Sujo
Só...

Reflexos no asfalto


Noite, lua, depois da chuva, solidão.
Passo em falso seus olhos vejo.
Beijos, deixo indeciso seu coração.
Volto, refaço as malas e sem querer.
Depois da meia-noite, choro.
A lágrima, a chuva, a rua, as esquinas
Luto, pela libertação... Ações aleatórias.
Pelo amor que peço em chamas.
Debaixo dos lençóis de água cristalina.
Transparente como a alma pura...
Amor que não pede paciência, rapte-me.
Se te tivesse em meus braços, sem portas.
Pra lado nenhum correria, paro, olha-me
Talvez já seja feliz sem mim, e é?
Preciso de um pouco da sua felicidade e sigo
O tempo pede ações que não tenho.
O amor pede um tempo que não é meu..
Sua alma pede a minha inquieta.
Minha alma pede a sua e quer calma.
Imagino que já tenha chorado antes de dormir.
Imagino-me indo dormir sorrindo, se pudesse.
Que tal minhas cores nas suas tribais?
Não me faltam verdades.
Dói precisar de proteção.
Proteja-me das dores
Que eu acalmo seu coração
E deixe as cores moldarem sua face.
Que vejo em meu asfalto encharcado.
De lágrimas que eu não sei de onde vieram.
Nem pra onde me levarão.
Quando eu descobrir te falo, até lá.
Continuo te vendo de longe.
Longe demais de mim perto.
E assim permaneço.
E o beijo que refletirá
No asfalto molhado espero.

Ultimo eclipse




Desejo que amanhã os astros saiam do lugar
Desejo que nossas almas não estejam mais alinhadas
Desejo o fim
Desejo não estar mais diante do seu brilho
E ainda desejo não ser responsável pela escuridão
Desejo ver de longe seus raios tocarem outra face
Desejo estar distante quando se alinhar a outro astro
Desejo prolongar os anos-luz pra que minha próxima passagem demore mais
Desejo que não seja visto a olho, nu diante do espelho.
Desejo relevar-me da sua superfície
Desejo não estar à sua sombra na próxima epifania
Desejo brilhar solitário mais uma noite
E amanhã, amanhã eu desejo descer do céu.

Espelhos


Não olhe assim pra mim
Não é em meu olhar que seu rosto vai se refletir
Deixe-me leve até o fim do caos
Embaralhado entre um tarô vagabundo
E oitenta garrafas vazias de vinho barato
Olhando pela janela a felicidade alheia
E fazendo de mim a casa de todas as frustrações
Enquanto você não consegue sair dos espelhos

Porque só é feliz se for visto
De vários ângulos, por varias dimensões.
Olhares seus contra sua imagem vazia...
E não adianta se desesperar
É pra isso que os espelhos são feitos
Ajoelhar-se e chorar diante da sua culpa
Dizer coisas absurdas, porem verdadeiras,
A esse ser errante que se multiplica nas paredes.

E chora por saber que é seu reflexo
E que sim, você pode se ver... Sem introspecção
Você pode enxergar a matéria.
A podridão dos seus instintos em sua face
As marcas dos seus desafetos
O cansaço das dores em torno dos olhos
A degradação da pele causada pelos seus vícios
A calvície de amor, a incapacidade de sonhar
A palidez... o branco do vazio.

O pior da imagem é exatamente
Tudo aquilo que não se pode ver...
E como se fossem cometas invisíveis
Atacam a nossa alma enquanto o espelho chora,
São os erros que você cometeu e ninguém viu
Os desejos maldosos que fez
Foi o amor não correspondido que despertou
Por puro capricho e por pura diversão
Foram os corações partidos
Os fracassos

Os espelhos trazem tudo de volta
Tudo volta [tudo mesmo]
E tudo que não é mais o mesmo.
Dioleno Rocha

Abaixo da Auréola

Minha foto
A fonte de inspiração que sobrevive aos borrões da cor, a lua que não encontra o sol e mesmo assim depende dele pra se manter clara,a alegria de um poeta ao ver a flor que molda as mais belas palavras e as sintoniza, criteriosamente, para que os admiradores sufoquem-se de beleza, inspirem-se e sonhem, cada dia, mais e mais, eu sou o portador da beleza que há nas palavras.