terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Espelhos


Não olhe assim pra mim
Não é em meu olhar que seu rosto vai se refletir
Deixe-me leve até o fim do caos
Embaralhado entre um tarô vagabundo
E oitenta garrafas vazias de vinho barato
Olhando pela janela a felicidade alheia
E fazendo de mim a casa de todas as frustrações
Enquanto você não consegue sair dos espelhos

Porque só é feliz se for visto
De vários ângulos, por varias dimensões.
Olhares seus contra sua imagem vazia...
E não adianta se desesperar
É pra isso que os espelhos são feitos
Ajoelhar-se e chorar diante da sua culpa
Dizer coisas absurdas, porem verdadeiras,
A esse ser errante que se multiplica nas paredes.

E chora por saber que é seu reflexo
E que sim, você pode se ver... Sem introspecção
Você pode enxergar a matéria.
A podridão dos seus instintos em sua face
As marcas dos seus desafetos
O cansaço das dores em torno dos olhos
A degradação da pele causada pelos seus vícios
A calvície de amor, a incapacidade de sonhar
A palidez... o branco do vazio.

O pior da imagem é exatamente
Tudo aquilo que não se pode ver...
E como se fossem cometas invisíveis
Atacam a nossa alma enquanto o espelho chora,
São os erros que você cometeu e ninguém viu
Os desejos maldosos que fez
Foi o amor não correspondido que despertou
Por puro capricho e por pura diversão
Foram os corações partidos
Os fracassos

Os espelhos trazem tudo de volta
Tudo volta [tudo mesmo]
E tudo que não é mais o mesmo.
Dioleno Rocha

Nenhum comentário:

Abaixo da Auréola

Minha foto
A fonte de inspiração que sobrevive aos borrões da cor, a lua que não encontra o sol e mesmo assim depende dele pra se manter clara,a alegria de um poeta ao ver a flor que molda as mais belas palavras e as sintoniza, criteriosamente, para que os admiradores sufoquem-se de beleza, inspirem-se e sonhem, cada dia, mais e mais, eu sou o portador da beleza que há nas palavras.